É frequente ouvirem-se críticas, sobretudo nos meios de comunicação social, aos políticos que governam o nosso país, pela falta de verdade que põem nos seus discursos, sobretudo nos períodos de campanha eleitoral.
Quando prometem que vão baixar os impostos, melhorar o poder de compra dos portugueses, dotar o serviço nacional de saúde de mais meios para reduzir as listas de espera, que vão criar não sei quantos milhares de postos de trabalho, etc… etc… sabem perfeitamente que, uma vez eleitos, não vão ser capazes de cumprir essas promessas, porque muitas delas são irrealistas, ora porque o país não tem condições para as implementar, ora porque as condicionantes da nossa integração do espaço europeu o não permitem, pelo que o politico, mesmo por mais malabarista que seja, fica sem condições para pôr em prática as promessas que fez.
O político que falasse verdade teria que dizer, por exemplo; que não vai ser mais possível manter um nível salarial e de pensões tão elevados para certas classes profissionais se queremos diminuir a pobreza em Portugal; que os estudantes devem eles próprios ser mais criativos e tentarem criar o seu posto de trabalho, até porque são cidadãos mais qualificados; que muitas entidades patronais e muitos assalariados devem descontar sobre o seu salário real para a segurança social, para depois não se virem queixar que trabalharam a vida inteira, e uma vez reformados têm uma pensão de miséria; que em lugar do TGV, das novas Pontes, Auto-Estradas e Aeroporto, se calhar era preciso primeiro do que tudo investir nas pessoas, na sua valorização pessoal e profissional e nos valores, porque existem consumos perfeitamente dispensáveis, o que leva a que muitas pessoas e famílias estejam a viver enormes dificuldades por endividamento excessivo; que nada cai do céu e que se não houver trabalho, criatividade e capacidade para enfrentar problemas e dificuldades, o nosso país não terá um crescimento sustentável que possa garantir a todos melhores condições de vida.
Acreditam que o político que tivesse a ousadia de dizer estas, e muitas outras verdades inconvenientes teria o apoio dos portugueses, e alguma vez chegaria ao poder para pôr em marcha a sua política?!… Todos estamos sempre à espera do governante
Salvador que não nos exija sacrifícios ou esforços, e ai dele se disser que nos vem tirar alguma regalia ou direito adquirido.
Se somos nós que escolhemos, com o nosso voto, os políticos “vendedores de ilusões” para quê queixarmo-nos dos governantes que temos?!…
Jacinto Filipe Martins (membro do NDS)